Quanto CO2 sua gestora está financiando?

Investidores pelo Clima, iniciativa da Nint, e JGP lançam cartilha com dicas e exemplos práticos para apoiar instituições financeiras a reduzir e diminuir suas emissões

Quanto CO2 sua gestora está financiando?
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Calcular as emissões de carbono de instituições financeiras é essencial para direcionar o fluxo de recursos para empresas que estejam alinhadas à meta de se tornar net zero até 2050. A Investidores pelo Clima (IPC), iniciativa da ERM NINT, e a gestora JGP publicaram hoje um guia com conceitos e orientações para o processo de cálculo da pegada de carbono por gestores de ativos.

No ‘Manual de Cálculo de Emissões Financiadas’, as instituições apresentam conceitos, possíveis fontes de dados, a metodologia do Partnership for Carbon Accounting Financials (PCAF) para descarbonizar portfólios e exemplos práticos da JGP, referência no tema.

“O principal desafio que as gestoras enfrentam [em relação à sua pegada climática] é encontrar dados de qualidade sobre as emissões de suas empresas investidas. Nem sempre as empresas divulgam seus inventários e, quando divulgam, é preciso interpretar os dados com atenção”, diz Marina Briant, gerente de Programas ESG da ERM NINT.

A JGP observou algumas inconsistências nas informações fornecidas pelas empresas. Um caso recorrente, segundo a gestora, é o de companhias que se enquadram na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) como ‘holdings de instituições não-financeiras’. A base de dados permite estabelecer uma média setorial das emissões, mas as disparidades entre cada uma não são explícitas.

“Tal classificação estima as emissões muito aquém do core business da empresa, e a disparidade fica ainda mais acentuada para companhias de setores mais intensivos em carbono”, detalha o documento.

Uma das ideias é colocar no papel os aprendizados e as boas práticas instituídas pela JGP, uma das primeiras gestoras do país a levar em consideração os dados climáticos em seus investimentos.

Outro objetivo da IPC e JGP com a cartilha é promover o alinhamento metodológico no setor, de forma que os resultados climáticos sejam transparentes e comparáveis. O manual complementa a ferramenta lançada pelo IPC no ano passado para que instituições financeiras façam o cálculo estimado de sua pegada climática.

“Acreditamos que, ao apresentarmos de forma didática as metodologias climáticas que utilizamos na JGP, uma compilação das melhores práticas fundamentadas em ciência, poderemos acelerar o amadurecimento do mercado financeiro brasileiro. Isso contribuirá para tornar os resultados obtidos pelas diferentes instituições financeiras mais transparentes e comparáveis”, diz José Pugas, sócio da JGP e responsável por ESG e estratégias de crédito sustentável.

Com R$ 33,3 bilhões sob gestão, a JGP é uma das gestoras mais tradicionais do país e, em meio à pandemia, transformou seus processos de investimento e passou a considerar fatores ESG e climáticos.

No fim de 2022, seu fundo JGP Crédito ESG foi o projeto piloto na mensuração de sua pegada climática, para caminhar em direção ao compromisso de cortar pela metade as emissões de seu portfólio até o fim da década. 

Uma das práticas adotadas pela gestora é comparar a performance climática de seus fundos com a de benchmarks conhecidos, como Ibovespa, ICO2 (Índice de Carbono Eficiente) e ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial). Com base nas emissões absolutas do fundo e dos índices, calcula-se quantas toneladas de carbono equivalente seriam financiadas para cada R$ 1 milhão investido. 

A JGP é signatária do Net Zero Asset Managers  (NZAM), um grupo composto por gestores do mundo todo que firmaram o compromisso de zerar as emissões de seus portfólios até 2050. Ao todo, são 301 gestoras, com US$ 59 trilhões sob gestão.