Entramos na prorrogação
A COP28 acordou nesta terça-feira do mesmo jeito que foi dormir na noite passada: sem novidades. Pelo menos para os que não sabem o toma-lá-dá-cá que se passa nos bastidores. Às 11h venceu o prazo dado pelo presidente da conferência, Sultan Al Jaber, para encerrar a conferência, e nem sequer foi divulgada uma nova versão do texto mais importante, o Balanço Global.
Vai longe?
Um negociador disse ao Reset que um novo documento só sai no fim da tarde do horário local, por volta das 11h de Brasília. Se for isso mesmo, parecem pequenas as chances de que a COP termine na madrugada de quarta. Talvez os negociadores tenham de voltar à Expo City durante o dia – ou tirar um cochilo em alguma poltrona.
À espera de uma surpresa (ou milagre?)
A distância entre as partes é muito grande. Falando a jornalistas (acima), o diretor-geral da COP28, Majid Al Suwaidi, reconheceu que muitas partes ainda consideram que o texto atual “não atende às suas principais preocupações”. É um belo eufemismo. Os pequenos estados insulares, ameaçados de literalmente sumir do mapa, dizem que não vão assinar um “atestado de óbito”. O ministro do Meio Ambiente da Irlanda, Eamon Ryan, disse que a União Europeia pode abandonar as negociações se não houver Os países produtores de petróleo rejeitam qualquer menção à necessidade de eliminar gradualmente (phase out) os combustíveis fósseis.
Muitas desavenças
E a COP28 não trata só de transição energética. Os países africanos emitiram um comunicado que começa falando da Meta Geral de Adaptação, outro tema chave da conferência. Sem acordo sobre o financiamento para as medidas de preparação para lidar com a mudança climática que já está acontecendo, nada feito sobre todo o resto. Eles pedem prazos concretos, em vez de “2030 e além”, metas de resultados e valores.
Fim de festa (para alguns)
Enquanto a ação se concentra no prédio B1, onde ficam o salão da plenária e as salas de reunião, o restante do vasto espaço começa a ser desmontado. A maioria das 80 mil pessoas que passaram pela Expo City já voltaram para casa. O metrô está vazio, as longas filas da segurança acabaram, e os pavilhões nacionais e de entidades estão sendo desmontados.
Façam suas apostas
Entre os que seguem em Dubai, começam as apostas sobre o dia e a hora em que será batido o martelo. O site Carbon Brief montou um gráfico mostrando como o estouro do prazo vem crescendo progressivamente. A COP mais longa foi a 25, de Madri, em 2019, que terminou com quase dois dias de atraso. Depois veio a de Sharm el Sheikh, no ano passado.