
Como aumentar a mobilização de capital para viabilizar uma economia de baixo carbono? É para encontrar soluções para essa questão que a Brazil Climate Investment Week vai reunir investidores e empresários em São Paulo, entre os dias 5 e 7 de junho.
A conferência é formada por dois eventos: a Converge Capital Conference, promovida pela Converge Capital, comanda a discussão sobre o financiamento climático no dia 5. Já o Brazil Nature-Based Solutions Investment Summit, promovido pela Capital for Climate, coloca em pauta o investimento em projetos baseados na natureza nos dias 6 e 7.
Marina Cançado, fundadora da Converge Capital e uma das curadoras da conferência, conta que o evento reunirá os principais players do mercado financeiro brasileiro, CEOs e family offices para aprofundar as perspectivas sobre o investimento em soluções climáticas brasileiras no atual cenário global.
A avaliação da executiva é de que ainda falta conhecimento no mercado financeiro brasileiro sobre as particularidades e mecanismos de financiamento climático.
Começando pelo começo
Para a primeira atividade da conferência, no dia 5, a Converge Capital vai trazer um cientista para fazer a apresentação do cenário climático – o nome do especialista ainda não foi confirmado. “É preciso aumentar o letramento do mercado financeiro em relação à ciência climática para que investidores, analistas e times de investimento consigam analisar novos negócios e oportunidades”, explica Cançado.
Segundo ela, o fluxo insuficiente de recursos para projetos socioambientais é explicado, em parte, por falta de conhecimento dentro dos times de investimento. “Se aparecer uma oportunidade, há um custo para o analista parar o que está fazendo e estudar, já que ainda não tem segurança de apresentar uma proposta para o cliente. Muita coisa trava aí, não porque não tem oportunidade, pipeline ou interesse”, avalia.
No caso dos investidores internacionais, Cançado entende que é preciso “vender melhor o Brasil”. Segundo ela, há uma dificuldade em compreender a dinâmica do país, o que leva a um superdimensionamento dos riscos.
Esse é justamente o pilar do segundo painel, que apresentará como o país pode oferecer soluções de baixo carbono para o mundo e atrair capital. Entre elas estão a produção de biocombustíveis, hidrogênio e geração de créditos de carbono de reflorestamento.
No final da manhã os painéis vão discutir o apetite dos investidores no atual cenário geopolítico e os desafios de atração que o Brasil enfrenta. Um deles vai buscar mapear os fluxos de capital para projetos sustentáveis: de onde vem o dinheiro, para quais projetos e o perfil desse investidor.
À tarde, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) lidera um painel sobre os caminhos para melhorar a formação profissional das equipes de investimento.
Ao longo da tarde também haverá “roundtables”, com apresentações de cases de iniciativas bem-sucedidas lideradas pelo setor privado, filantropia e governo. Empresas, gestoras e family offices vão apresentar seus projetos e abrir teses de investimentos. Entre as gestoras confirmadas estão Lightrock, GEF Capital e Rise Ventures.
Para finalizar o primeiro dia, o último painel abordará a agenda da COP 30 a partir da perspectiva das empresas, sobre como os setores econômicos podem contribuir para levar o Brasil ao net zero até 2050.
Entre os nomes confirmados na programação estão representantes do Principles for Responsible Investment (PRI), Sustainable Market Initiative, Aliança Financeira de Glasgow para Net Zero (Gfanz), World Climate Foundation, The ImPact, Milken Institute, Santander, BTG Pactual, Pátria Investimentos, eB Capital, Instituto Itaúsa, Arapyaú, Instituto Clima e Sociedade.
O destino do capital
O segundo dia da Investment Week migra a discussão para os projetos que efetivamente fazem na prática a transição energética. Batizado de Brazil Nature-Based Solutions Investment Summit, o evento vai discutir o potencial dessas soluções como destino para o capital dos investidores.
A Capital for Climate, responsável pela segunda parte da conferência, atua na intermediação entre oportunidades de investimentos no Brasil e investidores internacionais. A meta é mobilizar US$ 5 bilhões em projetos baseados em natureza no Brasil até novembro, mês da COP 30.
Tony Lent, cofundador da Capital Climate, avalia que o fluxo de investimentos para o país melhorou e há motivos para comemorar. “Temos um longo caminho a percorrer. Há ainda muitas lacunas no financiamento do clima e de soluções baseadas em natureza. O que buscamos neste segundo dia é apresentar algumas dessas soluções aos investidores”, conta.
O período da manhã do dia 6 terá painéis com uma radiografia do estado atual do mercado, a demanda corporativa por carbono e inovações financeiras.
Haverá também um “soft pitch”, em que empresas e fundos terão oportunidade de apresentar seus projetos a investidores em 8 minutos. A atratividade do Brasil volta à discussão da conferência, com apresentação de cases de captação de fundos com grandes investidores.
Entre os participantes confirmados estão Aviva, AXA, Goldman Sachs, J.P. Morgan.
O Brasil está bem posicionado na implementação das “tecnologias naturais”, avalia Lent. Ele cita como exemplos a captura de carbono por meio de projetos de reflorestamento, práticas de agricultura regenerativa e produção de alimentos em sistemas de agrofloresta.
No dia 7, um sábado, o evento levará seus participantes para conhecer projetos do tipo in loco.
As inscrições para a Brazil Climate Investment Week estão abertas e o primeiro lote de ingressos acontece até o dia 30 de abril.