Extraído dos frutos dos dendezeiros, o óleo de palma é o óleo vegetal mais consumido no mundo. Seguir práticas sustentáveis em sua produção é fundamental para controlar o desmatamento de florestas tropicais.
No Brasil, a legislação é rigorosa. E a Agropalma, empresa brasileira reconhecida em todo o mundo como referência na produção sustentável de soluções com óleo de palma, vai além de cumprir o que ela exige. A empresa segue uma série de práticas ESG, entre elas a rastreabilidade da cadeia de fornecedores, equidade de gêneros na mão de obra, incentivo à agricultura familiar e preservação da biodiversidade.
Uma parceria estratégica com o Programa de Pesquisa em Biodiversidade da Amazônia Oriental (PPBio-AmOr) foca neste último item. Coordenado pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e pela Universidade de Bristol (Reino Unido), o projeto conta com cerca de mil pesquisadores.
Eles percorrem as quatro regiões da Amazônia Oriental, que abrange os estados do Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso, monitorando a biodiversidade e coletando informações para, além de ampliar conhecimento, fomentar políticas públicas de conservação das espécies locais.
A Agropalma disponibiliza seus 64 mil hectares de reserva florestal protegida, na cidade de Tailândia (PA), para um time desses pesquisadores. Tanto a vegetação local quanto mamíferos, insetos, anfíbios, répteis, peixes e pássaros são objetos de estudo.
O trabalho é intenso e muitas vezes começa às quatro da manhã, único horário em que algumas espécies de aves cantam. Estratégias como andar sorrateiramente pela mata são fundamentais para não assustar animais. E alguns deles exigem estudos e exames mais aprofundados, com armadilhas não letais instaladas para sua captura.
Para que todo esse trabalho aconteça, a Agropalma oferece, além das terras, alojamento e alimentação à equipe do PPBio-AmOr e estruturas laboratoriais para preservação de amostras. “A universidade apontou que as nossas reservas eram habitat de animais que o programa precisa estudar e nós decidimos apoiar”, diz Túlio Dias Brito, diretor de sustentabilidade da empresa. “A empresa trabalha com o dendezeiro e há poucos estudos sobre esse cultivo agrícola. Além disso, existem muitos desafios de conservação. Então, quanto mais conhecimento for gerado, mais informação o estado terá para criar políticas públicas de preservação. Isso tem um valor muito grande.”
A Agropalma e a UFPA também compartilham o conhecimento coletado com gestores ambientais, comunidades, organizações não-governamentais e sociais.
Troca constante
Além da preservação da biodiversidade, a parceria com o PPBio-AmOr tem se mostrado bastante importante para os negócios da Agropalma. “Nossos dendezeiros são extremamente ligados ao que acontece na floresta. Conhecer a biodiversidade de insetos locais, por exemplo, nos ajuda a desenvolver manejos para controle de pragas”, explica Brito.
O olhar externo trazido pelos pesquisadores também pode ajudar a empresa a criar novas estratégias para proibir a caça na área, algo fundamental para evitar desequilíbrios ecológicos que podem levar à proliferação de algumas espécies e à diminuição de outras.
“Essa união entre ciência e indústria é fundamental para lidarmos com os desafios socioambientais”, afirma Filipe França, professor na Universidade de Bristol e no programa de pós-graduação em ecologia da UFPA. O PPBio-AmOr já gerou, até agora, 50 artigos científicos e formou mais de 30 pesquisadores especializados na região Amazônica.
Cerca de 40 instituições – quinze da Amazônia, cinco internacionais e as demais de outras regiões do Brasil – integram o projeto, que faz parte do Programa de Pesquisa em Biodiversidade, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) .
A Agropalma é parceira da UFPA desde 2012, mas só no ano passado o trabalho de campo em suas terras começou. Entre agosto e setembro, uma expedição estudou a biodiversidade aquática em 21 igarapés de Tailândia. Uma análise detalhada de condições físicas e químicas, seguindo um protocolo internacional, investigou peixes, insetos e plantas aquáticas e buscou entender como o ambiente ao redor influencia essas comunidades.
Entre os insetos coletados, o destaque foi a libélula do gênero Mecistogaster, popularmente conhecida como fadas, que costumam ser mais comuns em florestas bem preservadas.
Em Tailândia, o PPBio-AmOr também já identificou 64 diferentes espécies de primatas, 25 delas ameaçadas de extinção, e 66 espécies de aves encontradas apenas na Amazônia.
Foto: Marizilda Crupp