Curtas da COP: Semana decisiva em Baku – com Belém de olho

Curtas da COP: Semana decisiva em Baku – com Belém de olho
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Baku, Azerbaijão – Depois de um dia de descanso, a COP29 retomou as atividades na manhã desta segunda-feira. Os negociadores têm cinco dias, ou menos de cem horas, para chegar a um consenso sobre quem vai pagar, e quanto, aos países em desenvolvimento. O tempo corre em uma velocidade peculiar nessas conferências, e grandes surpresas podem acontecer a qualquer momento. Mas poucos esperam uma resolução dentro prazo oficial, que acaba na sexta. Neste caso, diplomatas, autoridades e jornalistas serão os últimos participantes remanescentes no Estádio Olímpico de Baku no fim de semana.

De Baku a Belém, via Rio  – 1

Uma das expectativas é que a cúpula do G20, que acontece entre hoje e amanhã no Rio de Janeiro, possa ajudar a desfazer o nó financeiro. Decisões e comunicados do grupo não têm nenhuma influência oficial no que acontece nas COPs, mas podem enviar um sinal político importante. Também existe a expectativa nos bastidores de que Xi Jiping e Joe Biden consigam algum tipo de entendimento que ajude a colocar nos trilhos as negociações. 

De Baku a Belém, via Rio  – 2

Representantes do governo brasileiro afirmam que o sucesso da COP29 significa um voto de confiança importante no processo multilateral, diante da especulação de que Estados Unidos e Argentina se retirem do Acordo de Paris. Outra razão não-dita leva em conta o interesse próprio: tudo o que não for resolvido aqui será empurrado para Belém. “Espero que não, a agenda já está cheia demais”, comentou integrante da equipe negociadora brasileira.

Ei, você aí – 1

O principal indicador do sucesso desta COP será o estabelecimento de uma Nova Meta Global Quantificada, ou NCQG. Os trabalhos começaram com um texto de 45 páginas, cheios de trechos entre colchetes, que indicam as discordâncias. A versão mais recente do documento foi enxugada para 25 páginas, mas os pontos que interessam seguem em aberto.

Ei, você aí – 2

Os países que precisam de recursos para cortar suas emissões e se adaptar para a nova realidade do clima querem US$ 1,3 trilhão por ano. O dinheiro sairia dos cofres de nações ricas, como Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e Japão.

Os doadores querem que qualquer valor inclua também dinheiro do setor privado, de emergentes – particularmente a China – e também petrodólares de países do Golfo Pérsico, como Arábia Saudita e Emirados Árabes.

Uma terceira possibilidade é uma combinação das duas ideias. Uma analogia fala em uma cebola: as camadas centrais seriam doações de governos, envolvidas por outras de recursos privados e de instituições multilaterais.

Ei, você aí – 3

Esta é a apenas a parte do “quanto”, que talvez seja a mais importante do NCQG, mas definitivamente não é a única. O mundo em desenvolvimento espera uma definição clara do que significa financimento climático. Há provisões, por exemplo, para impedir que recursos direcionados a combustíveis fósseis entrem na conta. Parece uma obviedade, mas isso já aconteceu.

Os políticos entram em cena

As COPs podem ser divididas em três atos. No primeiro, chefes de Estado e governo aparecem para fazer seus discursos, apontando suas prioridades. O segundo ato começa em paralelo, com diplomatas tentando resolver itens mais técnicos dos textos em discussão. A ideia é deixar tudo mais ou menos organizado para a segunda semana, ou terceiro ato, quando chegam os ministros. As autoridades têm o papel de resolver impasses no nível da política.

Vou ali e já volto

O chefe da delegação brasileira, embaixador André Corrêa do Lago, e a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) deixaram o Azerbaijão no fim da semana passada e são esperados novamente em Baku para os dias finais da COP29. Eles voaram no avião do vice-presidente Geraldo Alckmin, mas voltam em voos comerciais. Como não há conexão direta entre os dois países, o trajeto pode levar mais de 24 horas, incluindo escalas (tipicamente Europa, Dubai ou Catar).