A Compass, empresa líder em gás natural, do grupo Cosan, e a Orizon, que faz a gestão de aterros sanitários, estão criando uma joint-venture para construir uma planta de fabricação de biometano no ecoparque de Paulínia, com a produção diária estimada em 180.000 m3 por dia do combustível renovável, com capacidade para chegar a 300.000 m3 no futuro.
Trata-se do maior projeto de geração de biometano no país até agora. A Biometano Verde Paulínia terá 51% do capital nas mãos da Compass e 49% com a Orizon. A transação foi anunciada na noite de ontem.
Para formar o negócio, a Orizon entrará com a matéria-prima, se comprometendo a fornecer o biogás extraído do seu ecoparque (aterro) na cidade de Paulínia pelo prazo de 20 anos.
Já a Compass investirá R$ 355 milhões na transação, sendo R$ 235 milhões na etapa inicial.
O gás obtido da decomposição de matéria orgânica é purificado para aumentar a concentração de metano, permitindo que ele substitua o gás natural de origem fóssil.
Desse valor inicial, R$ 100 milhões serão aportados na joint-venture, dando conta de toda a necessidade de capital para a construção da planta, e R$ 135 milhões irão para o grupo Orizon a título de pagamento. O pagamento adicional de R$ 120 milhões à Orizon está condicionado à entrega futura de um maior volume de biogás pela empresa.
A planta de biometano deve entrar em operação em 2025, com investimento total de R$ 450 milhões. Isso quer dizer que, além do capital que será injetado com a operação, será necessário captar outros R$ 350 milhões em dívidas para financiar o projeto. Segundo a companhia informou a analistas, deverá acessar as novas linhas de transição energética e descarbonização da economia do BNDES.
“Vemos esse movimento como positivo e destacamos que dentro dessa estrutura a Orizon
também pode se beneficiar de um ganho adicional com base no crescimento adicional da produção de biogás de seu Ecoparque de Paulínia”, escreveram os analistas do Itaú BBA.
A sociedade dá à Orizon acesso à inteligência de comercialização de gás natural da Compass e uma estrutura de divisão de receitas que tem potencial de engordar os resultados da gestora de aterros.
“A estrutura de participação nos resultados incorporada à operação é o principal destaque para nós, visto que a Orizon pode se beneficiar do sólido know-how da Compass na precificação de moléculas para consumidores finais e 50% de qualquer spread sobre o preço da mistura seria dividido entre Biometano Verde Paulínia e Compass”, escreveu a equipe de análise do Itaú BBA em relatório distribuído nesta manhã.
Segundo cálculos do banco, a joint venture poderá gerar um ebitda adicional de R$ 120 milhões para a Orizon em 2025 no cenário mais conservador, e de R$ 150 milhões no cenário otimista.
As ações da empresa sobem 1,3% na B3.
A Orizon estreou na bolsa no começo de 2021 com a tese de consolidar o mercado de aterros sanitários no Brasil e extrair valor do lixo, matéria-prima ainda pouco valorizada. A empresa opera 15 aterros.
Desde o começo, além de somar mais aterros ao seu portfólio, o plano sempre foi gerar receita além dos contratos com prefeituras e empresas para destinação de resíduos, e partir para transformar seus ecoparques em unidades capazes de fabricar biometano, resina de plástico reciclado e fertilizantes a partir da matéria orgânica.
No ano passado a empresa criou a Bio-E, sua divisão de energia renovável, com planos de chegar a pelo menos dez plantas de biometano e/ou energia elétrica. A planta em sociedade com a Compass é a terceira delas; as duas primeiras foram UTE Paulínia e Biometano Paulínia I.