A Casa Branca anunciou hoje que pretende fazer um aporte de US$ 500 milhões no Fundo Amazônia ao longo dos próximos cinco anos, um montante bem maior que os US$ 50 milhões aventados em fevereiro, na primeira visita oficial do então recém-empossado presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos Estados Unidos.
A liberação dos recursos, no entanto, depende da aprovação do Congresso americano, onde deve enfrentar oposição do Partido Republicano, que vem sendo bastante refratário à liberação de recursos para combater as mudanças climáticas nas nações desenvolvidas e em desenvolvimento.
Se confirmado, o dinheiro pode tornar os Estados Unidos um dos maiores contribuidores do fundo, voltado a iniciativas para interromper o desmatamento na maior floresta tropical do mundo, e marcará uma grande vitória diplomática do governo brasileiro no tema climático, uma de suas principais plataformas de política internacional.
Estabelecido em 2008, o Fundo Amazônia tem como principal doadora a Noruega, que já contribuiu com US$ 1,2 bilhão desde a fundação. Este ano, a Alemanha já anunciou um aporte de US$ 217 milhões.
A volta do funding acontece após o fundo ter ficado praticamente paralisado no governo de Jair Bolsonaro, com o desmonte das estruturas de governança que garantiam a aplicação dos recursos.
Nos últimos quatro anos, o Comitê Orientador do Fundo Amazônia, responsável por estabelecer as diretrizes de investimento, não teve uma reunião sequer. Projetos que já estavam em andamento continuaram recebendo financiamento, mas nenhuma nova iniciativa pôde ser aprovada.
As reuniões foram retomadas em fevereiro deste ano.
Para a América Latina, além do Fundo Amazônia, os Estados Unidos anunciaram um empréstimo de US$ 50 milhões para uma estratégia de restauração de pastagens degradadas capitaneada pelo BTG Pactual, que envolve terras no Brasil, Uruguai e Chile. O investimento será feito por meio U.S. Development Finance Corporation, espécie de banco de desenvolvimento do país.
Com a parceria da Conservação Internacional, a iniciativa do BTG pretende captar US$ 1 bilhão para restaurar 300 mil hectares, com metade voltado para preservação integral e outra metade para cultivo de espécies exóticas, como pinus e eucalipto, com o objetivo de comercialização da madeira.
Pacote climático
O anúncio da doação ao Fundo Amazônia veio num pacote mais amplo anunciado por Joe Biden, por ocasião de um encontro do Fórum sobre Energia e Clima das Maiores Economias (MEF, na sigla em inglês).
Os Estados Unidos também pretendem aplicar US$ 1 bilhão no Green Climate Fund, que direciona capital para iniciativas nos países mais pobres e diretamente afetados por mudanças climáticas, como pequenas ilhas e nações africanas.
“Os achados mais recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática mostram de uma maneira mais urgente que nunca que a janela para ação decisiva para evitar as consequências mais graves das mudanças climáticas está se fechando rapidamente”, disse a Casa Branca em nota.