As emissões de dívidas sustentáveis cresceram 7% no mundo todo no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o mercado geral de títulos teve retração de 7%, segundo a Moody’s Investors Service.
O volume total de emissões ESG (os green, social, sustainable e sustainability-linked bonds, ou GSSS) atingiu US$ 526 bilhões, e 2023 pode superar a estimativa projeção inicial de US$ 950 bilhões para o ano todo.
Mais uma vez os europeus ficaram com a liderança, representando metade do volume global. As dívidas verdes são 20% do mercado total de emissões na região.
Na América Latina e Caribe, a participação chegou a 32%, enquanto na Ásia a participação das dívidas sustentáveis equivale a 12% do mercado.
Entre os tipos de títulos, os green bonds, em que os recursos captados são destinados a projetos com benefícios ambientais, mantiveram a liderança: US$ 156 bi, ou 60% do total de emissões do segundo trimestre.
Os social bonds (recursos carimbados para projetos com benefícios sociais) cresceram 24% em relação ao ano passado e chegaram a US$ 51 bi, um movimento atribuído a um pequeno número de transações de grande valor. Na sequência vieram os sustainable bonds, em que o dinheiro é usado em projetos que mesclam ambiental e social, com US$ 40 bi.
Os sustanability-linked bonds tiveram queda de 50% em relação ao segundo tri de 2022. Um dos motivos apontados para essa variação é a credibilidade das metas atreladas a esse tipo de título. Diferentemente dos green e social bonds, aqui os recursos não são carimbados, mas as taxas de juro são atreladas a metas ESG.
Onda anti-ESG
Apesar do desempenho acima do esperado, o mercado vem se desenvolvendo de forma desigual. Enquanto todas as regiões apresentaram crescimento, os Estados Unidos andaram na direção contrária.
O retrocesso é atribuído ao sentimento anti-ESG insuflado por políticos extremistas do Partido Republicano. Eles afirmam que observar critérios sociais, ambientais e de governança seria uma prática “anticapitalista”.
O setor não-financeiro foi o maior responsável pela retração nos Estados Unidos, segundo a Moody’s.
Nos primeiros seis meses de 2022, ele foi responsável por US$ 29 bilhões de emissões de dívidas ESG. O total caiu para US$ 21 bi no mesmo período deste ano.
Os títulos sustentáveis representaram apenas 4% do total do mercado de dívidas do país no primeiro semestre, uma participação ainda menor que os 5,5% do ano passado.