O conglomerado alemão Thyssenkrupp fez hoje o IPO da Nucera, unidade que fabrica um equipamento essencial para a produção de hidrogênio verde.
As ações da empresa fecharam em alta de quase 25% no primeiro pregão. A oferta inicial foi a mais bem-sucedida da bolsa de Frankfurt este ano e aponta otimismo dos investidores em relação a essa nova fonte de energia limpa.
A Nucera levantou € 526 milhões na operação, e seu valor de mercado era de € 3,1 bilhões no fechamento do mercado. A Thyssenkrupp vale € 4,5 bi.
O plano da empresa é acelerar a produção de eletrolisadores, como são chamadas as máquinas que usam eletricidade para separar os átomos de hidrogênio e oxigênio da água.
Existem diversas rotas possíveis para a obtenção do hidrogênio verde, mas a que vem recebendo mais investimentos é a que combina eletricidade de fontes limpas com os eletrolisadores.
Quase a totalidade dos projetos em estudo para produzir hidrogênio verde no Brasil com foco na exportação se baseia nessa tecnologia.
A Nucera tem cerca de € 1,4 bilhão em encomendas. Entre seus clientes está o governo da Arábia Saudita. A megacidade sustentável Neom, que está sendo construída no reino, terá uma planta de hidrogênio verde de US$ 8,4 bilhões.
A empresa é controlada pela Thyssenkrupp e tem o grupo italiano De Nora como sócio minoritário. Até o começo da década, o negócio de eletrolisadores era dos primos pobres do conglomerado.
Mas a explosão do interesse pelo hidrogênio verde mudou a sorte da companhia. “O IPO é o começo de uma fase nova e empolgante na história da nossa empresa”, afirmou Werner Ponikwar, o CEO.
Uma estimativa da consultoria BloombergNEF estima que a produção global de eletrolisadores terá de crescer 90 vezes até 2030 para dar conta da demanda esperada de hidrogênio verde.
Hoje, o mercado é dominado pela China.
Nos Estados Unidos e na Europa, há uma grande mobilização para fazer frente aos chineses.
Um dos objetivos é impedir que o país venha a dominar a oferta global de eletrolisadores, assim como o que aconteceu com as placas fotovoltaicas usadas para gerar energia solar.
A UE estuda exigências de que pelo menos parte do hidrogênio importado pelos países do bloco seja produzido com equipamentos de fabricantes europeus.
Além de incentivar a indústria local, tanto americanos quanto europeus temem ficar reféns de um único fornecedor em tempos de elevada tensão geopolítica.