Demanda global por petróleo deve atingir recorde em 2023, prevê AIE

Investimentos em eficiência energética e carros elétricos serão ‘mais cruciais que nunca’

Demanda global por petróleo deve atingir recorde em 2023, prevê AIE
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A demanda por petróleo ao redor do mundo deve atingir um novo recorde neste ano, projeta a Agência Internacional de Energia (AIE). 

“Dois pontos centrais dominam as perspectivas do mercado de petróleo para 2023: Rússia e China”, afirma a AIE, em seu primeiro relatório sobre o setor neste ano. 

A previsão da agência é que a demanda por petróleo aumente em 1,9 milhão de barris por dia (bpd), atingindo o patamar inédito de 101,7 milhões de bpd. Quase metade desse crescimento deve vir da China. Ainda que o ritmo e a forma sejam incertos, a reabertura depois de quase três anos de política zero Covid e lockdowns severos deve ter reflexos sobre os mercados de energia. 

Na outra ponta, a AIE prevê que a oferta do óleo vai desacelerar ao redor do globo, com esperados declínios de entrega pela Rússia. Desde que invadiu a Ucrânia em fevereiro do ano passado, Moscou tem sido alvo de sanções de outras economias – com Estados Unidos e União Europeia na liderança. 

Em dezembro, o G7 impôs ao petróleo russo o teto de US$ 60 por barril. Para efeitos de comparação, o contrato futuro do petróleo Brent – negociado em Londres e que serve de referência aos mercados globais – fechou em US$ 85 por barril nesta terça-feira, 17.

Também no mês passado, entrou em vigor o embargo da União Europeia que proíbe a compra, importação ou transferência de petróleo bruto russo por transporte marítimo. Em fevereiro, a medida passará a incluir produtos derivados do petróleo. Tais restrições devem cobrir quase 90% das importações de petróleo russo pela Europa, de acordo com o bloco. 

Apesar do equilíbrio entre oferta e demanda no início deste ano, o mercado pode apertar rapidamente, à medida que as sanções do Ocidente afetem as exportações da Rússia, diz a AIE. “Os mercados de produtos, especialmente o diesel, estão em maior risco assim que o crescimento da demanda se recupera.”

Transição energética

Os ganhos de eficiência energética e vendas crescentes de veículos elétricos devem reduzir o crescimento da demanda em cerca de 900 mil bpd, estima a AIE. A agência, que já fez o alerta para que não haja perfurações de novos poços de petróleo, afirma que medidas como essa são “especialmente vitais” em um mercado com restrição de oferta. 

“Avançar, acelerar os ganhos de eficiência, apoiar a adoção de veículos elétricos e o manejo prudente dos estoques do governo será mais crucial do que nunca”, diz a AIE.

Ao menos nos últimos cinco anos, é a primeira vez que a agência destaca medidas ligadas à transição energética no primeiro relatório de mercados de petróleo do ano. A mudança da AIE, que até então havia focado em conflitos geopolíticos e a incerteza causada pela pandemia da Covid-19, reflete a intensificação do debate sobre segurança energética em meio à guerra no Leste Europeu e ao crescimento das alternativas aos combustíveis fósseis.