Violência política
Aala Abdel Fattah, o mais famoso prisioneiro político do Egito, anunciou no início da COP27 que pararia de beber água. Há sete meses ele já vinha consumindo menos de 100 calorias diárias.
Existe o temor de que o ativista morra durante a conferência. Abdel Fattah foi um dos líderes da Primavera Árabe, há 11 anos, e está detido desde 2014, quando os militares derrubaram o governo eleito após a revolução democrática.
No ano passado, ele foi condenado a uma sentença de cinco anos por supostamente “espalhar fake news”. Observadores independentes afirmam que as acusações são falsas e que o julgamento foi uma farsa.
Abdel Fattah também tem cidadania britânica. O recém-eleito premiê do Reino Unido, Rishi Sunak, está no Egito e prometeu levantar o assunto junto ao governo egípcio.
Um protesto em nome do ativista está programado para a tarde de hoje, no estande montado pelo governo da Alemanha.
Vigilância digital – 1
Uma mensagem de alerta começou a circular pelos grupos de WhatsApp de quem está na COP27: apague imediatamente o aplicativo da conferência desenvolvido pelo governo egípcio.
O app estaria sendo usado para acompanhar os passos de todos os participantes e até mesmo acessar emails, fotos e localização, segundo uma análise de um especialista feita a pedido do jornal The Guardian.
“É um aplicativo de vilão de desenho animado”, disse ao jornal uma representante da Electronic Frontier Foundation, uma ONG americana especializada em assuntos digitais.
Cerca de 65.000 pessoas estão presas por fazer oposição ao regime autoritário do presidente Abdel Fatah al-Sisi, entre elas Aala Abdel Fattah.
Ativistas de todo o tipo, inclusive os climáticos, são perseguidos pelo governo, e muitos foram detidos nas semanas que antecederam a COP.
Vigilância digital – 2
O acesso à internet no Egito vem sendo restrito há alguns anos. Sites de notícias independentes, como o da rede Al Jazeera, estão inacessíveis há cinco anos.
Ligações de voz pela internet, como as via WhatsApp, também são bloqueadas normalmente, mas o governo do país levantou a proibição durante a conferência.
O motivo da suspensão é claro: o WhatsApp e alguns outros serviços usam criptografia de ponta-a-ponta, ou seja, mesmo que o sinal seja interceptado, os arapongas do governo não podem decodificá-lo.
* O jornalista viaja a convite da International Chamber of Commerce