A Raízen assinou um contrato de pelo menos € 3,3 bilhões com a Shell para a venda de etanol de segunda geração (E2G), produzido a partir do bagaço da cana, até 2037.
Segundo comunicado divulgado na manhã de hoje, o acordo prevê a entrega de 3,3 bilhões de litros, que serão produzidos por cinco novas fábricas que devem iniciar a produção entre 2025 e 2027 e devem consumir R$ 6 bilhões em investimentos.
O valor total do contrato diz respeito ao preço mínimo definido pelo E2G.
“A Raízen prevê uma margem EBITDA de aproximadamente 50%, com investimentos em manutenção estimados em R$ 50 milhões por planta/ano, proporcionando geração robusta de fluxos de caixa”, disse a empresa em nota.
A companhia é a única do mundo a produzir etanol a partir dos resíduos da cana em escala industrial, na planta de Costa Pinto em Piracicaba (SP), e toda a tecnologia é proprietária.
A expansão no E2G foi uma das principais estratégias no IPO da Raízen, feito em agosto do ano passado.
A meta é ter 20 plantas de geração de E2G até 2030, sempre conectadas às suas usinas de açúcar e álcool.
O combustível tem dois principais apelos. O primeiro é um aumento de 50% no etanol produzido com a mesma quantidade de cana-de-açúcar.
O outro é os mercados que ele permite que a empresa explore. A União Europeia, por exemplo, quer aumentar a mistura de biocombustíveis aos combustíveis fósseis — desde que eles não concorram com a produção de alimentos.
Além da unidade de Piracicaba, há mais três em construção por parte da Raízen, a mais avançada delas na unidade de Bonfim.
O investimento em novas plantas de etanol de segunda geração tem sido feito mediante o fechamento de fornecimento de longo prazo. Nas duas últimas unidades anunciadas antes do acordo com a Shell, 80% da produção já foi vendida na frente.
O contrato com a multinacional holandesa, no entanto, é o maior nesta frente.
Num dia negativo para o Ibovespa, as ações da Raízen chegaram a subir forte no começo do pregão, mas depois cederam para o terreno negativo e, por volta das 13h30, caíam 2,54%, para R$ 4,60.
Os papéis acumulam queda de quase 40% desde o IPO, com os investidores avessos aos risco e pouco dispostos a pagar na frente pelo que veem como riscos de execução nesta empreitada.
A Shell é controladora da Raízen, em conjunto com o grupo Cosan. De acordo com a empresa, o negócio “seguiu estritamente a política de gestão de conflito de interesses e transações com partes relacionadas.”