Só 10% das empresas medem toda sua pegada de CO2, diz estudo

Pesquisa do BCG mostra que quase não houve avanço em relação ao levantamento feito no ano passado

Bússola aponta para Zero CO2
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“Você não consegue melhorar o que não mede”, frase atribuída ao guru da administração de empresas Peter Drucker, é um dos axiomas mais conhecidos do mundo dos negócios.

No que diz respeito às emissões de gases de efeito estufa, vai ser difícil avançar na descarbonização, pois somente 10% das companhias sabem qual a sua pegada total de CO2.

Essa é a conclusão da segunda pesquisa anual realizada pela consultoria Boston Consulting Group. Em relação aos resultados do ano passado, o incremento foi de apenas um ponto percentual.

O número aponta as emissões geradas pelas próprias atividades das empresas (o chamado escopo 1), as relacionadas ao uso de energia (escopo 2) e ao impacto total de sua cadeia de valor, dos fornecedores até o consumo de produtos e serviços na ponta do cliente.

Foram consultadas mais de 1.600 organizações de 18 países, com pelo menos 1.000 funcionários e receitas que variam de US$ 100 milhões a US$ 1 bilhão. Juntas, elas são responsáveis por 40% das emissões globais.

“É notável o lento progresso, pois a edição deste ano da pesquisa reforça o fato de que, quanto melhor uma companhia mede suas emissões, mais efetiva pode ser nas iniciativas de redução”, afirma um comunicado do BCG.

Quando se consideram cadeias de valor inteiras – ou seja, também o escopo 3 –, a tarefa de medir o impacto climático é complexa. Mas o esforço é fundamental, pois, em média, 92% das emissões associadas a uma empresa são externas, de acordo com o Carbon Disclosure Project (CDP).

Apesar de responder pela maior parte da pegada de CO2 dos negócios, apenas 12% das companhias consideram o escopo 3 uma prioridade.

E as próprias medições de emissões são um processo em constante aprimoramento. De acordo com o BCG, as companhias estimam um erro médio de 25% a 30% nos dados apurados, uma melhora de cerca de 5 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior.

Foco nos incentivos

Uma das perguntas respondidas pelas empresas diz respeito ao retorno financeiro da descarbonização. Mais de 70% afirmam que os benefícios podem superar US$ 1 milhão anual, e 37% calculam o retorno em US$ 100 milhões ou mais.

Os incentivos percebidos pelos cortes nas emissões de CO2 também incluem ganhos de reputação e redução de custos operacionais (para 54% dos entrevistados), aumento no valor de mercado (48%) e mais atratividade para talentos (37%).

A consultoria também ranqueou os setores de acordo com um índice de maturidade, que vai dos “atrasados” (não medem ou o fazem mal e não têm metas) aos “experts” (que têm métricas claras e precisas e objetivos de cortes significativos).

Numa escala de 0 a 10, as indústrias mais adiantadas são as de bens industriais, com nota 5,5, e financeira (5,2). Depois vêm energia (5), bens de consumo (4,9) e saúde (4,7). Em último lugar ficam o setor público e as organizações sem fins lucrativos.