No Merge do Ethereum, um alívio ambiental para as criptomoedas

Atualização na rede que abriga segunda maior criptomoeda do mundo deve reduzir em 99% seu consumo de energia

simbolo do eth, criptomoeda do ethereum, cunhado em areia verde
A A
A A

Enquanto você dormia, acontecia uma revolução no mundo cripto. 

Uma aguardada atualização na rede do Ethereum concluída na madrugada desta quinta-feira promete reduzir em mais de 99% o consumo de energia demandado para validar transações no seu blockchain. 

Chamado de Merge (ou Fusão, em português), o evento deve fazer uma grande diferença no seu impacto ambiental — e possivelmente pressionar o Bitcoin, que consome uma grande quantidade de energia, a ser mais eficiente. 

No modelo anterior, a rede do Ethereum, segunda maior criptomoeda do mundo, se baseava num modelo conhecido como ‘proof-of-work’, ou ‘prova de trabalho’. 

Nele, os computadores do mundo todo (os ‘mineradores’) competem para adicionar novos blocos de transações ao registro público do blockchain, resolvendo enigmas matemáticos extremamente complexos — o que consome MUITA eletricidade. 

O novo modelo é o chamado ‘proof-of-stake’, ou ‘prova de participação’, no qual os validadores precisam colocar uma quantidade determinada de ETH (a criptomoeda nativa do blockchain da Ethereum) como garantia, para terem o direito de serem randomicamente selecionados para verificar se um novo bloco de dados está correto. 

Em linhas gerais, uma vez que um certo número de validadores concorda que o bloco de dados está correto, ele é adicionado ao blockchain. Os validadores são recompensados com um rendimento em cima das criptos dadas em garantia. 

O proof-of-stake é muito mais eficiente no uso de energia do que o proof-of-work, dado que ele limita o quanto muitos usuários trabalham em cada bloco. 

A mudança é gestada há anos e o Ethereum já vinha rodando em paralelo uma versão do blockchain baseado no proof-of-stake desde dezembro de 2020 para atestar sua eficácia.  

O que aconteceu na madrugada de hoje foi a fusão dos blockchains que rodavam simultaneamente e a prova de participação se tornou o mecanismo de validação principal para novos blocos – daí o nome Merge. 

Mais rápido e ágil

Uma mudança desse porte nunca tinha sido tentada por nenhuma cripto antes, o  que torna o feito do Ethereum – que, além de bilhões de dólares em ETHs também abriga mais de 3500 aplicativos descentralizados, deexchanges a jogos online – ainda mais impressionante. 

O menor consumo de energia resulta de um sistema mais ágil e leve, e que abre espaço para futuras melhorias que o Ethereum planejou para acelerar o processamento e a escala das transações. 

“Ainda temos vários passos pela frente. Ainda temos que escalar, temos que melhorar a privacidade. Para mim, a Fusão simboliza a diferença entre uma Ethereum ‘early stage’ e a Ethereum que sempre quisemos”, disse o cofundador do Ethereum Vitalik Buterin durante uma transmissão online da Fusão. 

Na videoconferência, que chegou a atrair mais de 41 mil usuários no seu pico, foram dadas explicações técnicas e uma música-meme foi lançada. A letra dizia: “A pegada de carbono se foi. É por isso que cantamos a música da Fusão.”