O Brazil at Silicon Valley ajudou a colocar o ecossistema de inovação brasileiro no radar de empresas e fundos estrangeiros. Agora, o Brazil Climate Summit quer fazer o mesmo na agenda da transição verde.
O encontro, que acontecerá dentro de um mês em Nova York, no novo campus da Universidade Columbia, foi concebido com uma dupla missão: ajudar a mudar a percepção extremamente negativa que se formou em torno do país nos últimos anos quando o assunto é clima e posicionar o país como um hub de soluções que podem ser exportadas para o mundo.
“Hoje em dia só se fala lá fora sobre o lado ruim do Brasil, sobre o desmatamento, e ele existe sem dúvida. Mas faz todo o sentido fazer um road show para mostrar que o Brasil já tem inovação e cases em diferentes setores da nossa economia quando se fala em transição verde”, diz Luciana Ribeiro (à esquerda na foto), sócia da gestora de private equity EB Capital e uma das idealizadoras do encontro, que acontece nos dias 15 e 16 de setembro.
Entre as soluções já existentes que podem ser escaladas, ela cita a matriz energética limpa, chave para o desenvolvimento da indústria do hidrogênio verde, o agronegócio, responsável por inovações em rastreabilidade e biotecnologia, e também segmentos de difícil descarbonização, como o de cimentos e de mineração, em que empresas do país já têm criado tecnologias verdes.
A data do evento foi escolhida a dedo: na véspera da NYC Climate Week, para aproveitar o buzz que se forma na cidade em torno da agenda climática global.
“Precisamos reposicionar o Brasil no mundo e tomar as rédeas da nossa narrativa como país. Não dá para perder mais uma vez a janela de oportunidade, ainda mais quando estamos falando da agenda verde, que é, por natureza, vocação natural do país”, diz Marina Cançado, co-CEO da Future Carbon, outra das idealizadoras. “A imagem do Brasil traz efeitos negativos concretos para os investimentos e para o potencial dos negócios brasileiros”, completa.
O evento pretende ser apolítico. “A ideia é ter o setor privado protagonizando essa mudança de narrativa, a despeito de governos”, diz Cançado.
No grupo de idealizadores estão ainda nomes como o publicitário Nizan Guanaes, o apresentador Luciano Huck e o economista americano Thomas Trebat, que dirige o Columbia Global Centers Rio de Janeiro.
“Países que deram certo nas suas transformações contaram com uma visão compartilhada sobre o caminho do crescimento a ser seguido, para além de governos, que uniu sociedade civil, empresariado e academia, sem abrir mão, claro, de políticas públicas”, diz Ribeiro, citando o exemplo de Israel e também do Vale do Silício, nos Estados Unidos.
Assim como a Brazil Conference (em Boston) e a Brazil at Silicon Valley contam com forte participação de alunos brasileiros nas universidades locais, o Brazil Climate Summit também tem uma comissão de alunos de Columbia na equipe de execução.
“Temos tentando trazer uma visão técnica embarcada que propicie uma discussão de qualidade ao evento”, diz Catarina Caricati (à direita na foto), aluna da escola de relações internacionais de Columbia.
O lineup de palestrantes reúne nomes como o empresário Guilherme Leal, o executivo Pedro Parente, a cientista política Ilona Szabó, a ex-ministra do Meio-Ambiente Izabella Teixeira e o ex-CEO da Unilever Paul Polman. Algumas das empresas que apresentarão negócios e soluções verdes são Natura, Raízen, Sigma Lithium, Re.Green, reNature, Biofílica Ambipar e Barn Investimentos.
A expectativa é que mais da metade da plateia seja formada por estrangeiros, com presença de investidores, executivos e estudantes. Os ingressos, gratuitos, serão distribuídos a convidados. Sem fins lucrativos, o evento conta com o apoio de empresas para sua realização.
A ideia é que o Brazil Climate Summit se torne um evento anual. Os idealizadores o encaram como um pontapé inicial de um movimento maior, que se desdobre em outras ações que ajudem a colocar o Brasil como exportador de soluções verdes.