iFood anuncia parceria com Voltz para eletrificar sua frota

Motos elétricas serão financiadas pelo banco BV e podem representar economia significativa para os entregadores; modelo de remuneração segue inalterado

As baterias descarregadas das motos elétricas poderão ser trocadas em estações especiais
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O iFood anunciou nesta terça-feira (31), em conjunto com a montadora Voltz, uma parceria para incentivar entregadores da plataforma de delivery a comprar motocicletas elétricas com condições especiais.

Com uma linha de financiamento oferecida pelo banco BV, o modelo EVS Work, fabricado pela Voltz na Zona Franca de Manaus, sairá por R$ 9.999 (metade do preço de tabela), com prazo de pagamento entre 12 e 36 meses.

A iniciativa atende a objetivos diferentes de cada uma das empresas. Para o iFood, será uma maneira de atingir a meta de metade de entregas realizadas por veículos que não utilizam combustíveis fósseis até 2025. Hoje, eles respondem por apenas 5% da frota usada pelos 200 mil entregadores ativos na plataforma.

Para a Voltz, uma startup fundada em 2017, o programa tem o potencial de garantir uma demanda considerável para suas motos elétricas. A empresa inaugurou uma nova fábrica em maio de 2022, com uma produção inicial de 4 mil unidades por mês.

Mas a parte interessada que potencialmente mais tem a se beneficiar, de acordo com as estimativas apresentadas no evento em que a parceria foi anunciada, são os entregadores.

Somente a substituição do tanque de gasolina por baterias poderia reduzir o custo mensal dos motoboys em até 60%. Em São Paulo, onde um teste com 30 entregadores foi realizado, há um benefício extra: redução de 50% no Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

Lucas Vitale, gerente de contas estratégicas da Voltz, aponta outra vantagem potencial da moto elétrica em relação às tradicionais: veículos elétricos têm menos peças que seus equivalentes a combustão, o que significa menos necessidade de manutenção. Ao todo, afirma Vitale, o custo total de trabalhar com uma moto a bateria pode ser até 70% mais baixo em comparação com uma moto tradicional.

As motos da Voltz também trazem um modelo de negócios diferente. A empresa vai vender um serviço de assinatura para suas baterias.

O sistema é muito simples, segundo a companhia. Quando estiver ficando sem carga, o motorista se dirige a uma das estações da empresa e simplesmente troca a bateria vazia por uma carregada. A operação é realizada em instantes.

Cada moto vem com um adaptador para que o cliente possa fazer o carregamento em casa, durante a noite, por exemplo. A estimativa é que a recarga demore cerca de cinco horas.

Serão três opções de assinatura, um valor cobrado além do preço da motocicleta: R$ 129 para quem roda até 2.000 km por mês; R$ 219 para quem roda até 4.000 km/mês e R$ 319 para quilometragem ilimitada.

Posto de eletricidade

Numa primeira fase de testes, 30 motoboys fizeram entregas pela capital paulista usando as motos elétricas. Na fase seguinte, considerada piloto, iFood e Voltz querem ter mil motos elétricas rodando por São Paulo, além de ampliar as atuais 33 unidades de troca de bateria para 100 estações, instaladas em postos da Rede Ipiranga – o Grupo Ultra, dono dos postos Ipiranga, foi um dos que entraram no aporte de R$ 100 milhões recebido pela Voltz em maio de 2021.

Até 2023, as empresas calculam que 10 mil motoboys terão aderido à motocicleta elétrica. O plano é iniciar a operação em São Paulo, mas cidades como Ribeirão Preto (SP) ou Salvador (BA) são exemplos de candidatas para uma posterior fase de expansão.

Entregadores que desejam comprar a moto não precisam trabalhar exclusivamente para o iFood, mas entregadores mais ativos tiveram prioridade na análise de crédito. Vão para o primeiro lugar na fila aqueles que trabalham na plataforma em São Paulo há pelo menos 3 meses; fizeram pelo menos 1.767 rotas e tenham recebido “like” de 92.64% dos clientes atendidos.

O modelo financiado tem garantia de dois anos, sistema anti-roubo, GPS e conta com sistemas de informação integrados com apps para informar postos próximos para a troca de bateria.

Segundo a fabricante, as motos podem rodar até 180 km com uma carga, e as projeções baseadas nos testes feitos em São Paulo apontam que os entregadores provavelmente terão de trocar a bateria da moto uma vez por dia.

Lista de espera

O valor dos combustíveis aumentou o interesse da população pelas motos elétricas, mas o descompasso entre procura e capacidade de produção das montadoras está gerando filas de espera que, segundo consumidores, chegam a um ano.

Vitale, da Voltz, diz que os trabalhadores de aplicativos terão prioridade. “Separamos uma frota dedicada para os entregadores e pedimos 31 dias para a entrega. Queremos reduzir ainda mais esse tempo”, afirma.

Já o iFood espera que a economia com o combustível amplie os ganhos dos motoboys que usam sua plataforma – mas não haverá mudanças na política de remuneração dos entregadores.

O valor estabelecido no último reajuste, feito em Abril de 2022, seguirá de R$ 6 por pedido entregue, mais R$ 1,50 por quilômetro rodado acima de cinco quilômetros de distância.

Em outubro de 2021, a súbita alta do preço da gasolina pesou na conta de redução de ganhos dos entregadores que usam plataformas de delivery. No interior de São Paulo, algumas greves de motoboys duraram vários dias. Para conter a insatisfação, o iFood anunciou um fundo de combustível temporário de R$ 8 milhões para “ajudar a suavizar o impacto causado pela alta do preço do combustível”.