Dia 4: Como a indústria automotiva e os seguros podem colaborar para descarbonização da frota

O seguro como aliado das novas tecnologias da indústria automitiva na construção de uma frota que emita cada vez menos carbono. Este foi o foco do Fórum da Indústria Automotiva e Seguros, promovido na quinta-feira (13) na Casa do Seguro na COP30. Promovido pela CNseg e pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o debate teve três painéis sobre descarbonização e economia circular. Participaram nomes como Henry Joseph Jr. (Anfavea), João Paulo Sertã (ILB Labs), Daniel Morroni (Renova CAP), João Irineu (Stellantis), Marlon Teixeira (Allianz), Andrea Serra (Anfavea), Gustavo Bonini (Scania), Ivani Benazzi (Bradesco Seguros) e Keila Farias Rocha (Tokio Marine).

O consenso: seguros, montadoras e recicladores precisam atuar juntos para garantir rastreabilidade e completar o ciclo de vida do veículo: do uso ao desmonte. Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, e Igor Calvet (foto), presidente da Anfavea, falaram sobre os avanços em conjunto dos dois setores.

No período da manhã, a Tokio Marine Seguradora, empoderador do dia, conduziu conversas sobre transição energética. O setor de seguros pode ser um pilar ao reduzir riscos e viabilizar investimentos em energia limpa. Além de executivos da companhia, participaram representantes da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) e da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).

Economia circular automotiva

A responsabilidade do consumidor: Empresas do setor avaliam que o consumidor tende a ser o principal motor da economia circular automotiva, impulsionando a demanda por peças usadas com rastreabilidade e garantia. Medidas como inspeção veicular e programas de retirada de carros antigos são apontadas como decisivas para dar escala ao reaproveitamento e reduzir custos e emissões de carbono. 

Velhas peças, novos usos: Um carro é feito por mais de 5 mil componentes – que podem ser reaproveitados para diminuir a necessidade de extrair novas matérias-primas. A indústria tem acelerado iniciativas de reciclagem para capturar esse potencial e reduzir a pegada de carbono ao longo do ciclo de vida dos automóveis.

Carros elétricos: Com apenas 2% da frota reciclada no Brasil sendo de elétricos ou híbridos, o setor já vê desafios. Baterias de alta voltagem, que podem pesar até 500 kg, exigem novos processos e escala para reciclagem eficiente. A indústria busca compradores para reuso ou reciclagem de lítio, cobalto e manganês.

O papel das seguradoras

Onde entra o seguro: Seguradoras são fundamentais para organizar essa nova cadeia, assegurando que peças de reuso tenham origem certificada. “Precisamos garantir a rastreabilidade”, afirmou André Vasco, diretor de serviços às associadas da CNseg. 

Ação conjunta: A avaliação é que nenhum ator – montadoras, seguradoras, recicladores ou oficinas – conseguirá avançar sozinho. “Se o setor evoluir em um projeto conjunto, é possível reduzir custos. As seguradoras estão em posição estratégica para participar da economia circular e ampliar práticas sustentáveis”, afirmou Ivani Benazzi, superintendente de sustentabilidade da Bradesco Seguros.

Conectividade: Além disso, o setor de seguros avançou em novas variáveis no setor automotivo. Tecnologias como telemetria e geolocalização permitem manutenção preditiva. Apesar dos riscos cibernéticos, os dados são importantíssimos para ajudar seguradoras a avaliar riscos e comportamento do motorista com mais precisão.

Palavra de empoderador

Quase 50% de tudo o que arrecadamos volta para a sociedade na forma de sinistros pagos. Nosso papel é ajudar pessoas e empresas a recompor suas vidas e voltar aos seus negócios. Esse é o motivo da existência de uma seguradora

Sidney Cezarino, diretor de seguros empresariais da Tokio Marine Seguradora

Energia verde: desafios e oportunidades

Energia eólica: A ABEEólica defendeu que o seguro tem papel central na viabilidade da fonte: “O segmento dos seguros traz estabilidade e coerência com a operação dos ativos”, disse Juliano Martins, assessor executivo da diretoria da entidade. A exposição crescente a eventos climáticos extremos também aumenta a demanda por gestão de risco especializada.

Energia solar: Já na fonte solar, o Brasil dispõe de base técnica e competitividade para assumir uma liderança global, segundo Rodrigo Sauaia, presidente da ABSOLAR. Hoje, essa fonte representa 24% da matriz do país. Mas ainda há gargalos de infraestrutura, custos e juros. O seguro pode ajudar a destravar crédito, atrair investimentos e dar previsibilidade à toda a cadeia.

Seguros para mitigar riscos

Viabilidade de projetos: O seguro tem o papel de proteger os riscos inerentes a todo projeto humano, desde infraestrutura até a indústria. Um projeto de energia renovável não sai do papel sem um seguro de risco de engenharia bem contratado, explicou Cesarino. 

Apólice única: Para eliminar lacunas entre coberturas de construção e operação, a Tokio Marine Seguradora criou uma apólice única que acompanha o projeto do canteiro de obras ao primeiro ano de funcionamento. A solução mira empreendimentos solares e eólicos, reduzindo incertezas e simplificando a contratação.

Em campo: Além da apólice, o setor tem investido em gestão proativa de risco, enviando engenheiros e técnicos a campo para orientar empresas e evitar acidentes. A redução de ocorrências melhora a segurança, reduz custos e permite oferecer condições mais competitivas aos clientes.

Tendências do setor

Mudança de papel: O seguro deixa de ser apenas carregador de riscos e passa a ser parceiro de resiliência, com novos produtos e coberturas. Cresce o uso de seguros paramétricos, que pagam automaticamente com base em indicadores climáticos. Apólices também começam a incluir cláusulas de reconstrução sustentável, estimulando práticas mais resilientes. 

Reconstruir melhor: As seguradoras também podem incentivar a resiliência estabelecendo pré-requisitos para a cobertura e utilizando estratégias Build Back Better (Reconstruir Melhor), após catástrofes naturais. O conceito prevê a reconstrução após desastres visando reduzir a vulnerabilidade a futuros episódios e construir resiliência a longo prazo.

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